quinta-feira, 19 de junho de 2008

Recordações

Não vou postar um texto meu, mas de um professor que tive no ensino médio, professor de história, hoje também formado em Jornalismo pela Universidade Estadual do Piauí, e juntamente com Estefano Ferreira, secretário de cultura de Oeiras, escreveu o livro: “Passos do bom Jesus, narrativas de fé”.

Pedro Junior, assim chamado, é quem fala da semana santa de Oeiras sempre que a mesma acontece, com cobertura especial da TV meio-norte. Há algum tempo escreveu um texto para a revista viva oeiras e por ter causado tanta polêmica na época pelas carolas, resolvi postá-lo.

Quermesse da Vitória.

O cotidiano de Oeiras é repleto de manifestações religiosas, que estão intimamente ligadas ao catolicismo romano. Uma liturgia que constrói o tempo e dita os dias para os oeirenses, que seguem à risca o calendário católico.

No mês de Agosto não é diferente. As vitórias da fé traduzem o enigma dos símbolos, das ofertas generosas, dos louvores e das vozes estridentes que ecoam do interior da igreja, num grande espetáculo de fé e vaidade, onde a crença simboliza o “status quo”.

O adro da velha matriz torna-se palco para leilões fartos, com “dondocas” arrematando suspiros; barracas com iguarias, preparadas por senhoras devotíssimas; música profana de qualidade, muita gente dançando e gesticulando ao som de risos e gargalhadas.

As celebrações litúrgicas mobilizam a cidade com apresentações grotescas, com bênçãos no estilo do “Padre Marcelo Rossi”, com cânticos dolentes instrumentalizados por bandolins; além de uma miscelânea folclórica, dando ao ritual um aspecto sincrético.

A festa da padroeira é um momento de rogar, pedir à virgem saúde, paz. E, em nome dela, pedir donativos para os trabalhos pastorais. As arquiconfrarias organizam bingos e rifas; as beatas comuns ficam encarregadas dos cofrinhos diante dos altares; o sacerdote com frases bíblicas pede o “tostão de Pedro”; e os fieis depositam o dízimo, como penitência, como indulgência.

O tema do festejo “Eucaristia: fruto do sim da mãe da Vitória” veio a calhar com a proposta desencadeada no novenário, de dizer sim às causas da Igreja, de se fazer partícipe, apropriando-se dos bens sagrados e dos valores espirituais.

Talvez tenha sido o ponto de partida, para colocar no ostracismo os donos da chave das Igrejas. Uma forma de exorcizar a soberba, a opressão, como reza o hino: “... livrai-nos, pois dos opressores pela mercê do redentor”.

A quermesse da Vitória foi um sucesso de publico e de arrecadação de espórtulas. “Tamanhos prodígios realizados a favor dos nossos filhos”, assim diz a oração á Senhora da Vitória. Afinal, a prática da “usura” tão condenada pela igreja medieval, foi definitivamente abominada, com a intenção de tirar dos ricos para dar aos pobres.

Ao subir ao monte Tabor (Morro do Leme) em procissão, todas as vozes sentiam-se unidas. Orando, acenando com as mãos, num momento de êxtase. Mas, é preciso descer o monte e fazer das esmolas oferecidas à santa, um presente aos pobres, aos favelados, aos famintos.

Que as vitórias da fé, possam suprir as derrotas da fome, da carência espiritual, da arrogância mafrensina, “a fim de que um dia possamos cantar as nossas vitórias no céu”. AMÉM!

Pedro Dias de Freitas Júnior, graduado em História e em Jornalismo

Um comentário:

Bel disse...

Acode que o Intercom ta vindo quebrar nossas pernas, braços, torar o pescoço...

Vamo vamo vamo resolver logo essa situação, corre pra gente de dinheiro em oeiras, tamo precisando de tudo quanto é patrocínio! Ah, e parabéns pelo blog, vejo que você é uma das poucas pessoas que conheço que realmente valoriza sua cidade (pessoal de Picos adora esculaxar :-P).

Inté, e visita meu blog e o da turma, ah e manda teumail pra eu te enviar convite pra tu tbm ser colaboradora!